Eu ontem passei o dia
Ouvindo o que o mar dizia.
Chorámos, rimos, cantámos.
Fallou-me do seu destino,
Do seu fado...
Depois, para se alegrar,
Ergueu-se, e bailando, e rindo,
Pôs-se a cantar
Um canto molhádo e lindo.
O seu halito perfuma -
E o seu perfume faz mal!
Deserto de águas sem fim...
Ó sepultura da minha raça,
Quando me guardas a mim?...
Êle afastou-se calado;
Eu afastei-me mais triste,
Mais doente, mais cansado...
Ao longe o Sol na agonia
De rôxo as águas tingia.
- Voz do mar, misteriosa;
Voz do amor e da verdade!
- Ó voz moribunda e dôce
Da minha grande Saüdade!
Voz amarga de quem fica,
Trémula voz de quem parte...
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
E os poetas a cantar
São ecos da voz do mar!
sábado, 13 de novembro de 2010
in 'Canções'
(António Botto)
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário