sábado, 13 de novembro de 2010

Um amor concreto


Você acha justo?

Você cresceu com a minha luz iluminando o seu caminho.

Eu te protejo do escuro e nada...

Ajudo-te na tua espera e tu apenas me dominas.

Tira o me brilho como tira a sujeira dos pés.

(Cheiro de urina)

Pouco importa o meu tamanho e importância. Tu sempre me desprezas.

O mais perto que chegou do meu firme tronco, me fez de escoro.

Finjo, pisco para chamar tua atenção, mas nada parece o bastante.

E eu fico. Espero por ti. Dia após dia.

Como uma mãe que espera a volta do filho que já se foi.

(...)

Tudo isso pra te ver passar sem me olhar.

Aproveito os dias de chuva para chorar a tua ausência.

Mas o que basta tanto amor?

A natureza não me deu braços para te abraçar, boca pra te beijar ou voz pra te falar que...

(acabou a noite, hora de dormir)



(Dyego Stefann)

in 'Canções'


Eu ontem passei o dia
Ouvindo o que o mar dizia.

Chorámos, rimos, cantámos.

Fallou-me do seu destino,
Do seu fado...

Depois, para se alegrar,
Ergueu-se, e bailando, e rindo,
Pôs-se a cantar
Um canto molhádo e lindo.

O seu halito perfuma -
E o seu perfume faz mal!

Deserto de águas sem fim...

Ó sepultura da minha raça,
Quando me guardas a mim?...

Êle afastou-se calado;
Eu afastei-me mais triste,
Mais doente, mais cansado...

Ao longe o Sol na agonia
De rôxo as águas tingia.

- Voz do mar, misteriosa;
Voz do amor e da verdade!
- Ó voz moribunda e dôce
Da minha grande Saüdade!
Voz amarga de quem fica,
Trémula voz de quem parte...
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
E os poetas a cantar
São ecos da voz do mar!

(António Botto)

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Um começo sem fim...


Um gole de cerveja. Um acaso. Um caso.

Será que vai ser sempre assim?

(descaso)

Hoje escrevo sobre você, morena.

Hoje sussurro sensações no teu ouvido. Sensações despertadas por ti.

Quero provar cada desejo frutificado nas pontas dos teus cabelos.

Banho-te de uma energia que já é tua e nela mergulharei profundamente.

Por que não continuar?

(passos)

Lembro das tuas pernas bambas e dos seus pedidos: Não para!

Só você.

(...)

Pedi licença a poética, alegando que não existiria melhor expressão para te dizer.

Caralho, como tu é linda mulher.

(beijos)

Algumas palavras e uma revelação. É?

Quero provar do gosto do teu corpo e despertar em ti a reciprocidade desse querer.

Sabe, só de lembrar o timbre da tua voz meu corpo tremula.

Sabe o que eu quero?

(vozes e um susto)

Que lindos seios, morena. Os mais lindos seios.

Você gosta?

(apenas um sorriso)

(mais uma vez, trêmulos)

Poderia pedir para o mar que te entregasse todas essas palavras.

É isso. Jogarei uma garrafa ao mar e dentro dela estará o seu presente.

Não, eu não farei isso. Não agora. Não é hora.

A maré está virada. É o momento de você mandar algo.

(espero)

Nossa... Que mulher!

(a madrugada chega sem avisar e eu aqui, escrevendo)

Na tua ausência, escrevo. Escrevo palavras que talvez tu nunca as leias.

Quero que você me prometa. Prometa que um dia vem trazer respostas.

(espero)

(espero)

(desisto)

(recordo)

Você deveria escrever o resto, sabia?

Deveria sim. Deveria por que eu não vivi isso sozinho.

Só posso te oferecer a minha parte da história. O restante está guardado em ti.

Me trás um ponto final?!

(suplico nostalgicamente de desejo)

Uma madrugada em claro e uma escrita inacabada.